23/05/2007

cigarro

É no cigarro que eu trago onde está o veneno
São nos objetos do quarto onde está o frio
E mesmo assim dentro de mim não há nada
Não há nada em lugar algum.
E se então eu tirasse a pintura do rosto
E deixasse uma vez só mostrar a pele
Deixar ela respirar o pó do mundo
Pois não há nada em lugar algum.
Isso não é dor sem sentido
Talvez melhor assim preenchido
Só as portas aqui fazem barulho
Uma atrás da outra elas se fecham.
Não há mais nada em lugar algum.
O fim desta tarde é de cinza escuro
Nem a luz consegue chegar aqui
Neste silêncio profundo
Onde só as portas fazem barulho.
Onde só os carros fazem barulho.
Onde só a chuva faz barulho.
Neste fim cinza escuro.
Pois não há mais nada.

Nenhum comentário: