03/05/2007

aborto

Agora embalo no ventre a dor e a cólica
Temo toda vez que vejo o sangue ralo vermelho
Que desce ainda pela memória, nas mãos, nos meus peitos inchados
O meu corpo é agora um cine-ilusão
Depois, antes e durante
Os hormônios me dizem ; sim, sim e não.
Será que estou ou não?
Não é para rimar esta triste poesia
É só para aliviar a ausência da presença
Que engulo todo dia como uma hóstia sem poder falar
Fui eu.
Neste corpo frágil
Arranquei toda a era daninha
Revolvi a terra fértil e deixei que tudo acontecesse
E o pior é que não estou sozinha
Mas o corpo ainda é meu
E só em mim tudo, tudo, absolutamente tudo.

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