07/04/2006

Sublime

A criação mais bela jamais deve ser real ou tocada. O estado maior de compreensão da beleza deve somente ser dada através do sublime. A primeira sensação é sempre de inacabado, incompleto, o desejo de sugar sua força e acolhê-la deve-se ao fato dessa ausência tênue, quase aveludada. A causa do desejo primordial de compreensão é de fato não compreendê-la jamais, nem apreendê-la, mas senti-la em todos os seus aspectos. Sentir a força entrando pelos seus ouvidos, boca e narinas, num fluxo constante e rítmico. A cada golfada uma retomada dessa sensação indescritível, vinda pelas costas indo até espinha e alojando-se no cérebro.
Alojando-se no cérebro.
No seu recôndito mais profundo e escuro.
E ali ficar latente, pulsando toda aquela informação.
André você fala umas coisas tão bonitas...
Cala boca que eu to criando.
O que existe de mais simples no ser humano do que a percepção sem engajamento algum? O simples reconhecimento do mundo esconde em si todas as respostas para os mistérios mais profundos. Foi a observação que fez o homem. Foram os olhos dos homens que os dotou de inteligência. Depois disso, depois de olhar a pedra, o céu, as montanhas por dias, anos e milênios, o homem encontrou o sublime, adorou ao sol, dançou em círculos e fez do mundo todo uma arte. Das ciências aplicadas ao futebol, tudo isso devido ao pensar além daquele macaco pré-histórico nas savanas. O mundo só é mundo por dois motivos: através dos olhos, e além dos olhos.
Você é tão linda, assim nua.
O que será do futuro? O que será de toda essa tecnologia e arte que criamos? Superaremos o sublime um dia, e quando isso acontecer vamos cair no esquecimento eterno, só haverá repetição, repetição, repetição. A tinta fresca na tela será só um pretexto para começar a sair do tédio, a linha incerta no papel branco, um martelo solto no chão. Haverá um limite e o fim será incontestável. Ai a terra se aproxima do sol, e tudo se fundi. Adeus...
Você parece uma lua branca, sob essa luz. Eu vou embora;
Pra onde? Como assim? E eu?
Você irá também, pode esperar...