17/12/2009

Quanto tempo falta para esse sol de todos os dias
parar de iluminar as árvores da minha insegurança,
E deixar que as sombrar morram, aos poucos, dentro da noite?
E essa lua? A quantas anda seus giros em volta da minha órbita?
Da minha terra seca, dos meus sorrisos sem sulcos?

Quanto tempo falta? É inútil, é vão, é esquecido.
Vão-se as horas e espalhadas pelos sítios em volta
como folhas de outono, cobrem no meu rosto o medo.
Sem vento, a permanência delas é quase eterna.

Eterna enquanto dure o universo de coisas
dentro da minha cabeça ardida, ardida.
Os astros da fortuna pararam na casa da saúde
ali moram, velhos, senis, grandes bolas vermelhas.

Quanto tempo falta ainda para que eu possa crer
de fato, nos fatos? Na verdade, na certeza?
E deixar que a febre ceda e meu corpo resfrie
e meu sono seja com sonhos de pessoas silenciosas.
De pessoas com rostos suaves e olhares diretos
que olham pra dentro de mim como espíritos.

Falta quanto mais e quanto mais será preciso
aguentar essa urgência me comendo.
Eu me vejo aqui e não posso entender o que faço.
Aceito andar em linhas retas por cima de mim mesma
e vejo que talvez seja imprudente não olhar para os lados.

Mas, quanto tempo falta?
Só lamento não saber e sofrer por vontades
frívolas e sem graça e sem força pra sobreviverem.
Enquanto isso na rua, no céu, na paulista a vida
corre sozinha me deixando para trás.

Quanto mais, quanto mais?
Os dedos que enfio na terra formam furos profundos,
ali enfio sementes e rezo e desejo e as amo.
Querendo que o tempo seja justo e as deixe crescer
e que eu possa cuidar delas como não cuidei de mim.

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