14/09/2009
03/09/2009
Houve um tempo em que o amor era somente uma coisa boa. Para os dois era, até então,sentir o calor emanado vir de todas as direções, era sentar num fim de tarde e sorrir para o pôr-do-sol, todo dia mais belo, todo dia mais formoso. Era enfim, amar e ser amado.
Mas daí, aconteceu. Não me lembro se foi apenas dentro do olhar que aquilo cresceu, ou se veio de um outro lugar ainda mais longo e sombrio. Pensando bem, pedaços daquele terremoto estavam espalhados em vários cantos, e um dia, por uma faísca de fogo, eles se concentraram, se uniram e explodiram. Ali na sala, naquele canto verde, bem ali, no finalzinho.
O amor e as trevas possuem a mesma medida e ,se de um lado derrama, acaba esbarrando no outro que, inundando, derrama também. Todo o resto do corpo fica descompensado. As ondas querem sair pela boca, que vai espumando e trazendo junto com a espuma, palavras grandes como tormentas, palavras duras como pedras, pesadas como cimento, afiadas como lâminas. E foi assim, por conta de uma faísca, que o sol daquela tarde se pôs mais depressa e uma nuvem escura e carregada de chuva, avançou sobre o céu de São Paulo.
Por um átimo eles já não eram mais amantes, já não podiam ouvir mais a voz um do outro. Era insuportável o grunhir de raiva, de tristeza, de desapontamento. Mas por quê? Porque existem lugares a onde não se pode entrar duas vezes, ela diria; ao que ele retrucaria respondendo que só o espelho não dá conta de refletir, sozinho, o que realmente somos. Para ela, os erros eram passíveis de esquecimento, mas infelizmente, nem sempre se esquece e rastros ficam voltando à tona, migalhas tortas, que grudam, como aquelas bolas de pelo de gato, que saem do tapete e vão parar na sua blusa.
E por conta de todas essas migalhas coladas umas as outras, ela percebeu quão grande eram os seus erros. Agora esquecer não poderia mais e se tivesse um pote de cola e uma borracha, usaria sem parcimônia no coração do amado. Ai...quanta dor que foi sentida. As palavras mais doces não serviriam para consolar a miséria crescente dele. Se pudesse ela fechar os olhos, tampar a boca e os ouvidos durante todo um dia, se pudesse, se. Mas agora, vendo que também chove nas ruas e não só lá dentro, tudo parece um pouco menor. Agora, que o outro dia amanheceu ensolarado,e o fogo que fora ateado cessou de arder, ela consegue respirar. Ela pode olhar para o seu rosto no espelho e ver um pouco mais do que só pele.
Mas ainda assim ela sabe, só o tempo cura, já diziam, as mazelas de um coração ferido. É difícil entender como funciona os processos do amor. Porque mesmo que ele seja grande, ainda assim é capaz de acabar tão mais rápido quanto nasceu, e o outro, perdido na guerra, se vê abandonado na imensidão daquele sentimento, sem poder dizer pra ninguém, que tem medo da solidão.
Aliás, solidão é do que ela mais tem medo. Nesses tempo, onde as pessoas não querem mais ouvir umas as outras, o ombro do querido amado é o seu grande divã. Mesmo que pra poder falar o que sente, ainda é preciso um caderno, e ela vai escrever pra ele uma carta de amor. Mais ou menos como aquelas que antigamente se escreviam para o grande amor que estava no front de guerra. “ Amor meu, ainda estou aqui, te esperando. Não morra. A sua torta preferida, ainda está na janela...”
Mas daí, aconteceu. Não me lembro se foi apenas dentro do olhar que aquilo cresceu, ou se veio de um outro lugar ainda mais longo e sombrio. Pensando bem, pedaços daquele terremoto estavam espalhados em vários cantos, e um dia, por uma faísca de fogo, eles se concentraram, se uniram e explodiram. Ali na sala, naquele canto verde, bem ali, no finalzinho.
O amor e as trevas possuem a mesma medida e ,se de um lado derrama, acaba esbarrando no outro que, inundando, derrama também. Todo o resto do corpo fica descompensado. As ondas querem sair pela boca, que vai espumando e trazendo junto com a espuma, palavras grandes como tormentas, palavras duras como pedras, pesadas como cimento, afiadas como lâminas. E foi assim, por conta de uma faísca, que o sol daquela tarde se pôs mais depressa e uma nuvem escura e carregada de chuva, avançou sobre o céu de São Paulo.
Por um átimo eles já não eram mais amantes, já não podiam ouvir mais a voz um do outro. Era insuportável o grunhir de raiva, de tristeza, de desapontamento. Mas por quê? Porque existem lugares a onde não se pode entrar duas vezes, ela diria; ao que ele retrucaria respondendo que só o espelho não dá conta de refletir, sozinho, o que realmente somos. Para ela, os erros eram passíveis de esquecimento, mas infelizmente, nem sempre se esquece e rastros ficam voltando à tona, migalhas tortas, que grudam, como aquelas bolas de pelo de gato, que saem do tapete e vão parar na sua blusa.
E por conta de todas essas migalhas coladas umas as outras, ela percebeu quão grande eram os seus erros. Agora esquecer não poderia mais e se tivesse um pote de cola e uma borracha, usaria sem parcimônia no coração do amado. Ai...quanta dor que foi sentida. As palavras mais doces não serviriam para consolar a miséria crescente dele. Se pudesse ela fechar os olhos, tampar a boca e os ouvidos durante todo um dia, se pudesse, se. Mas agora, vendo que também chove nas ruas e não só lá dentro, tudo parece um pouco menor. Agora, que o outro dia amanheceu ensolarado,e o fogo que fora ateado cessou de arder, ela consegue respirar. Ela pode olhar para o seu rosto no espelho e ver um pouco mais do que só pele.
Mas ainda assim ela sabe, só o tempo cura, já diziam, as mazelas de um coração ferido. É difícil entender como funciona os processos do amor. Porque mesmo que ele seja grande, ainda assim é capaz de acabar tão mais rápido quanto nasceu, e o outro, perdido na guerra, se vê abandonado na imensidão daquele sentimento, sem poder dizer pra ninguém, que tem medo da solidão.
Aliás, solidão é do que ela mais tem medo. Nesses tempo, onde as pessoas não querem mais ouvir umas as outras, o ombro do querido amado é o seu grande divã. Mesmo que pra poder falar o que sente, ainda é preciso um caderno, e ela vai escrever pra ele uma carta de amor. Mais ou menos como aquelas que antigamente se escreviam para o grande amor que estava no front de guerra. “ Amor meu, ainda estou aqui, te esperando. Não morra. A sua torta preferida, ainda está na janela...”
Assinar:
Postagens (Atom)