- João, é Maria, vamos à festa da Nina, vai ter música legal e coisa e tal, queria uma companhia. Você topa?
E João, com seu pobre coração na mão, não podia acreditar. Não era verdade, que ela linda entrando devagar no seu carro,vestido rosa, laço de amarrar no cabelo, ia ser naquela noite, o seu par.
E assim foram, Maria, desajeitada sem saber o que falar, e João, suando as mãos, falando sobre a vida, a viajem à Paraty e o quando se afogou no mar. Daí então, rolou um lance, uma coisa difícil de explicar. Maria, na mão de João pegou, olhou nos seus olhos, chegou perto de sua boca, e assim, sem nem explicação, lançou-se de corpo e alma em um beijo profundo, que coisa louca. Que coisa boa era aquele momento. Tudo durou o tempo de um minuto. Muito rápido, não deu nem pra saber no que ia dar. E então, João se atreveu a falar, o que mais queria, coitado se soubesse o que no fundo pensava Maria.
- Eu gosto de você, quero que você seja a minha menina.
Maria sorriu, arrumou o batom dos lábios, olhou pra fora, a festa cheia de gatos, olhou pra João e disse de supetão.
- Vamos entrar?
Nos olhos dela um silêncio, no coração de João um só lamento. Ele viu, mas não quis acreditar, o amor não existia, e em seu lugar só sobrou a Maria, dançando no outro lado do bar. Foi então que João foi pra casa, desapontado, apaixonado e só. Tentou dormir ao som de rock, foi impossível não pensar no sorriso da Maria, então dormiu sonhando que algum dia, ainda poderia conquistar o coração daquela - vadia? – guria. Quando acordou, se sentiu pior, seu coração sangrava e gritava de dor, na sua roupa o perfume dela, não ia agüentar viver daquele jeito. Tomou coragem, sentou no parapeito, olhou para baixo. Quando fechou os olhos, só sentia o ar na queda livre até o chão. Foi assim o seu fim, sem nenhum glamour, sem nada. Morreu sem conhecer o amor, melhor assim, talvez, pois morreu sem conhecer a dor.