23/09/2004

O tempo que passa

Não posso escrever mais do que permitem minhas mãos e e meus pensamentos. Já diziam: toda manhã parece um parto. Acordar e respirar um novo ar, dar um grande suspirar e se preparar para se surpreender pelos momentos que estão reservados para aquele dia. Para esses dias, aqueles estão muito longe de acontecer, de ser algo de importante, pois o que está longe, o que está intangível não nos pertence. Acordar de manhã e ver de cima da torre aquela queda em vertical. Logo o frio na barriga, o arrependimento de ter aberto os olhos, mas é incrível que ao chegar embaixo, ao tirar a roupa a noite e se olhar no espelho, é gratificante, é honroso e logo vem o desejo de se soltar novamente do precipício, logo vem a vontade de sentir mais uma vez o frio na barriga, como na primeira, na segunta e em todas as outras vezes que decidir dar o próximo passo.
Enquanto o momento acontece, enquanto se está vendo de dentro as coisas passarem não dá pra decidir, pra raciocinar. Ainda não cheguei ao chão para pedir mais uma rodada de adrenalina.
Tudo o que mais almejamos nessa vida é poder compreender e aceitar. Tudo o que eu almejo nessa vida é simplesmente saber que no final não é nada de mais. Nada de mais, nem uma gota perante o invisível.
Nunca acharei uma resposta, nem para você nem para mim nem pra ninguém.
Tudo o que eu quero agora é mandar parar o carro, e poder descer, quero ficar do lado de fora. Me da ânsia saber que apesar de todo o meu esforço, não sou eu quem manda na montanha russa.


Um comentário:

Paloma Zaragoza disse...
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